Por Gil Nunes
Quem disser que todo dia é igual,
mente. Para quem ainda não percebeu, cada dia tem sua própria vida, sua
essência inerente, seu som, sua fala, seu sabor, sua motivação, sua expectação,
sua esperança, seu contentamento, seu encalço, sua ilusão, sua compenetração,
sua desilusão, sua doçura, seu cheiro, sua amargura, seu desprezo, sua
quentura, sua frieza, seu tempero, seu destempero, seu olhar, sua cegueira, seu
encanto, seu desespero, seu jeito novo de sonhar, seu cansaço rotineiro, sua
maneira brusca de calar, seu alimento, sua fé, seu ceticismo, sua chuva, seu
tempo seco.
Pensar que um dia é sempre igual
aos outros, a palavra mais acertada que tenho para esse erro de entendimento, é
a palavra pecado. – Sim, é pecado pensar assim desse jeito.
Com cada dia que nasce, podemos
nascer num novo entendimento, num novo sentimento, num novo desempenho de viver
a vida de forma mais valiosa, numa trajetória delineada pela nossa própria convicção,
sonho e esperança, porém, no hoje, não no ontem e nem no amanhã, todavia, no
novo dia que nasceu.
Ao nascer de um novo dia, podemos
questionar a existência ou não de Deus, sim, podemos questionar a nós mesmos
sobre alguém que possa existir e que esteja bem acima da nossa compreensão, do
nosso poder, do nosso tempo de viver, da nossa capacidade de estar nos lugares
de tempos em tempos, da nossa capacidade de ter ciência de tudo o que acontece
dentro e fora do Universo. – E do mesmo jeito, de não querer questionar nada a
nós mesmos.
Contudo, um dia novo, renova
nosso ar, nossa pele, nosso coração, nossos olhos, nossos nervos, nossas
células, nosso corpo, nossa mente, nosso espírito.
Hoje é um dia diferente de ontem,
dos outros dias anteriores, que certamente, também, diferente do dia de amanhã,
bem como, dos outros dias que ainda nem existem no futuro. – Mas é um dia de
aprendizado, de perdas e ganhos, de lutas e de vitórias, de choro e alegria, de
festa e tristeza, de burrice e sabedoria.
Com todo dia que nasce, talvez,
após anos e anos, quem sabe, nada perceberemos, nada aprenderemos, faremos muito
e por vezes, nada faremos. – E quem pode explicar tudo isso a quem tem gosto
pelo interesse? Quem é capaz de mistificar e ao mesmo tempo desmistificar o
codificado por aquele que tem a plenitude na potencialidade de decodificar o entendimento?
– Eu, certamente não tenho. E, até hoje, também, não encontrei ninguém que
possa.
Cada dia, uma nova porta,
passaremos por todas as portas do portal dos dias, a cada dia, entretanto, consecutivamente,
dentro do dia, nem antes e nem depois.
Os dias não são bons e nem são
maus, os dias são meios para o desenvolvimento da Terra, da Fauna, da Flora, de
nós que somos a coroa da criação de tudo que foi criado. – Ocorre que, se
quisermos de verdade, no lugar onde a planta dos nossos pés tocarem, pode ser
que ali, no dia que decorre independente do dia que seja, haja tudo de bom,
tudo perfeito pelo menos dentro da nossa aspiração, dentro da nossa gratidão,
dentro do nosso desejo.
Um dia de paz, um dia de vida, um dia de dar-se,
um dia sem medida, um dia de eternidade, um dia de brisa, um dia de docilidade,
um dia que ameniza, um dia de encanto, um dia sem malícia, um dia de verdade,
um dia que sensibiliza, um dia sem mentira, um dia de amizade, um dia que não
ironiza, um dia de certeza, um dia que estabiliza, um dia de sono, um dia de
preguiça, um dia de lazer, um dia de trabalho, um dia de estudo, um dia de
beijo, um dia de abraço, um dia de sentimento que ajuda e não ridiculariza, um
dia de felicidade, um dia de saúde, um dia de cura, um dia de gargalhada, um
dia pizza, um dia de... um dia de... um dia... um... hoje não é mais um dia. –
Hoje é um novo dia.
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