Por Gil Nunes
Os Poetas são seres sem Pátria, vez que sua Pátria é
desconhecida, eles não se preocupam com os rumores dos que dizem ou deixam de
dizer, eles simplesmente seguem dentro de uma trajetória onde a licença poética
faz milagres, milagres tais iguais jamais um dia alguém pudera sentir, pensar
ou imaginar, tais são os milagres proporcionados pelos Poetas que, dentro de
uma postura humilde, observadora e emocional, se apegam à razão, sem ao mesmo
tempo, racionalizar aquilo que faz parte da emoção tão necessária a todo ser
humano.
A razão sem a emoção fica igual a
uma palha seca e sem vida.
É certo que os Poetas, meio que
intuitivamente, estão sempre prontos para a interação levando-os à reflexão disso
ou daquilo e daquilo outro. E ninguém pode aguentar seres assim tão ávidos.
Talvez seja mais fácil pô-los
para fora, mas para fora do quê? Do tudo ou do nada que exista ou que aparentemente
exista.
Sim, os Poetas são assim mesmos,
eles são controvertidos, cheios de confusões, causam confusões, e para isso,
basta a presença de um deles aqui ou ali.
Os Poetas são, além de incansáveis
pensadores, sonhadores, por demais desapegados às materialidades com exceção às
pessoas fisicamente, são também, humanos, humanistas, fazem do amor uma arte,
um motivo real de ser e de viver, sim, eles são geralmente, pessoas desapegadas
aos bens materiais, mas por quê? Por viverem olhando para a lua, para as
estrelas? Pode ser, mas não perdem nada por isso, vez que riquezas maiores
encontram dentro dos meios buscados por eles mesmos, e de um jeito meio que,
milagroso, vivem e vivem muito bem.
Alguns dizem que os Poetas são
inteligentes, outros dizem que os Poetas são burros, mas há quem diga que os
Poetas são a vida da humanidade, que, sem eles, sim, certamente, ela, a
humanidade, seria uma humanidade morta, sem vida, sem gosto e sem razão, por
falta da emoção causada pelos Poetas, esses, os considerados burros e inteligentes.
Uma pessoa normal / racional age
assim: Tenho alguém que gosta de mim, então, o que me importa? Para mim, diz a
pessoa racional, o que me importa é estar perto de quem gosto e não me
preocupar ou estar perto de quem gosta de mim, pois, quem gosta de mim, se não
gosto, perdeu seu tempo e de um jeito ou de outro, se martirizou, sim, se
martirizou quando aprendeu o caminho para gostar de mim.
Ocorre que, na mente dos Poetas,
a matemática não existe, pode ser que eles não vejam de uma maneira simplória
assim. Eles pensam, analisam tudo e todos, se colocam no lugar de uns e no
lugar de outros. Dizem os Poetas: Ora, se alguém gosta de mim, me sinto
privilegiado, trata-se de um dom divino, uma dádiva, uma graça imerecida, logo,
sendo assim, se deixo alguém que gosta de mim e corro para perto de quem eu
gosto, como poderia eu, abandonar quem gosta de mim? Estaria eu, abandonando a
dádiva, a graça, o dom?
Ah, assim são os Poetas, difíceis
de serem compreendidos pelos normais, pelas pessoas que têm as respostas prontas,
enlatadas, copiadas pela maioria dos seres normais.
Os Poetas são dedicados, dão a
própria vida em prol, não da causa, mas em prol da vida. Eles são assim, a
causa vale menos do que a vida, a vida vale mais, e quando na causa não há
vida, então, eles, os Poetas, abandonam a causa e se lançam em prol da vida.
Não tente comprar os Poetas com
dinheiro, com poder, com fama ou com quaisquer bens materiais, pois em todas
essas coisas, para eles, os Poetas, não existe valor algum.
Não, havendo tais propostas a eles,
longe de vê-los iracundos por causa disso, todavia, brotará um doce sorriso neles como que, "você não sabe do que sou feito nem do que preciso para viver". Pois, essas coisas, nunca poderão preencher a alma dos Poetas, seu coração,
sua consciência e seu espírito de vida, posição esta, talvez, controvertida se
comparada com as demais pessoas normais que vivem e que matam e que morrem por
tais propostas.
Finalmente, comprovado está, que,
os Poetas têm sempre o que precisam, nem mais e nem menos. Eles têm o que
precisam e não reclamam de nada. Se sentem, de um jeito ou de outro, agraciados
com um dom que eles mesmos desconhecem, contudo, entendem que, são por demais
conhecidos por alguém muito superior a eles mesmos.
Quem sabe seja por isso que os
Poetas se destacam das demais pessoas que vivem, e que estas, para viverem,
precisam das palavras, dos ensinamentos e dos sentimentos dos Poetas, esses
seres que podem ser comparados a anjos nutridores da alma cansada, fútil e
abatida, sim, ainda que esteja amparada por dinheiro, por poder, por fama e por
bens materiais em geral, sim, necessita dos Poetas para que lhe direcione ao
caminho, às profundezas do conhecimento e do contentamento dela (alma), do
corpo e do espírito, porque, bem, porque, eles, os Poetas, são eternos, vivem
para sempre.