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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Saída do Parque Villa Lobos

Por Gil Nunes

Por vezes vou a um dos Parques da cidade, dentre os fartamente oferecidos à população e me deparo com diversas situações quando passo a observar as pessoas. – quem pensa que vou para me exercitar se engana. – vou sim, para me descontrair, para não pensar em nada e, ao mesmo tempo, para deixar que minha mente se esvazie de mim mesmo a fim de que algo novo possa pulverizá-la como o destilar do orvalho. – geralmente não gosto de mato. – gosto da mistura da grande metrópole com áreas verdes. – essa conversa de ficar velhinho e ir para uma cidadezinha do interior ou para um sítio não faz parte da minha necessidade de consciência física, mental e espiritual. – inclusive porque não penso em me aposentar. – acredito que, se uma pessoa vive até seus 120 anos de idade, e até lá, trabalha, estuda, se ocupa na sua tricotomia (corpo, alma e espírito), sem dúvida realizou essencialmente a sua trajetória de vida. – não sou muito ligado ao hedonismo e, quem sabe, deva ser este o motivo pelo qual, assim, me realizo.

Acredito também que, de modo totalmente solto, somos corresponsáveis uns pelos outros. – vendo o mundo desta forma, posso eu, de um jeito ou de outro, contribuir para a evolução mental, física e espiritual das pessoas. – seria como vivenciar um mundo de troca, que, geralmente, não se trata de um toma lá da cá, de uma troca imediata, às vezes isso acontece de imediato, mas normalmente não. – seria como fazer algo de bom / interessante por alguém numa terça-feira e, depois, numa quarta ou quinta-feira, outra pessoa, também, realizaria algo a nosso favor. – contudo, não há que se dizer que se faça algo aqui em prol de, que, também, obrigatoriamente a recompensa da boa vontade tenha que ocorrer, não, não é assim que acontece e nem deve acontecer. – por outro lado, quando não acontece recíproca entre as pessoas, outra coisa boa e maravilhosa acaba acontecendo em outra esfera da nossa realidade humana. – pelo menos tem sido esta a minha experiência de vida, muito embora cada pessoa pense, sinta e se mova de acordo com suas preferências / aspirações, que, como posso perceber, nem sempre são iguais às minhas.

E, num Parque, numa Praia, num Shopping, num Clube, na Rua dentro e fora dos veículos e estabelecimentos da cidade, podemos se acaso houver interesse de nossa parte, observar as pessoas e ao mesmo tempo em que as observamos, aprendemos com elas e assim, nos tornamos melhores pessoas, pode até demorar para que isso aconteça, mas acontece sim, sem sombra de dúvida, nos tornamos melhores pessoas.

Os Parques da cidade oferecem a possibilidade de estarmos desarmados das nossas pretensões, assim como ocorre na Praia, já em Clube, Shopping, dentro e fora dos Carros e Estabelecimentos da cidade é bem mais difícil por causa da imponência que surgem de maneira intrínseca nas pessoas, não sei, talvez seja porque elas queiram agir de modo imponente sem deixar brecha para uma maior informalidade de vida.

Então, ali, no Parque, dividimos nossa presença física com várias pessoas, umas diferentes das outras, porém, são todas iguais no sentido de buscarem refrigério mental, física e espiritual. – elas querem andar, praticar alguma modalidade esportiva, passear de mãos dadas ou não, livres, soltas, juntas, dispostas a darem um basta na correria da vida, algumas, observo, que, levam livros de literatura, tudo, com o firme propósito de encontrarem ali, um lugar para uma troca imediata da presença humana ou animal, vez que muitas delas aparecem com seus cães e gatos, ocorrendo ainda, a troca da presença delas com a presença das árvores. – e foi exatamente isso que constatei, numa das vezes que estive lá, uma mulher bem aparentada falava com três árvores, ela conversava com as árvores como se dirigisse a três pessoas. – a priori, pensei que estivesse brincando, mas não, estava literalmente conversando com as árvores. – um pouco mais à frente, um senhor de idade estava adestrando seu cão, ensinando o comportamento certo, segundo ele, ao seu companheiro de passeio no Parque. – outras pessoas cegas pedalavam juntamente com as que enxergavam o caminho, numa espécie de veículo sem motor que mais se parecia com um bondinho das antigas. – andando, continuei observando a natureza e as pessoas, e, notei que uma moça chorava desesperadamente, parecia que perdera alguém muito importante em sua vida, talvez a perda de um ente querido ou de um relacionamento duradouro, o emprego eu tinha absoluta certeza que não, e, ao observá-la, eu quis estancar aquelas lágrimas e ter a capacidade de poder trazer a alegria e paz de volta ao seu semblante, mas não pude. – olhando para minha esquerda, vi que outra moça dava tapas num rapaz que tinha quase a mesma altura dela, ele, nada podia fazer, apenas tentava se desvencilhar daquela agressão que mais se parecia com briga por causa de ciúme que sentia do seu amado, que, naquele momento foi chamado por adjetivos que nem posso dizer agora, todavia, dava-se para perceber que se tratava de briga de amor pelo rapaz e não por causa de ódio que pudesse sentir dele. – pois, bastou ele abrir seus braços e logo ela se derreteu de amores por ele, cessando com isso, aquela desastrosa “briga”. – logo em frente havia um casal de idosos que se abraçava olhando um para os olhos do outro, um velhinho e uma velhinha. – eu podia sentir que naquela troca de olhares havia uma história de vida contada ali mesmo em fração de segundos. – parecia um tipo de olhar de gratidão, de permanência, de existência, de sabor de vida, de cordialidade, de satisfação, de contentamento, de que a eternidade seria pouca em se tratando daquela coexistência de ambos. – mas vi também que as pessoas não estavam preocupadas em observar as pessoas. – entretanto, eu estava vendo todos esses acontecimentos por onde eu passava (caminhava). – vi também o desespero de uma mãe que perdera seu filho, estava desesperada e preocupada com o que teria que dizer ao marido, afinal, como poderia ela ser tão negligente a ponto de perder o bem maior do casal, seu filho, seu único filho? – com esse acontecimento, claro, ficamos todos desesperados juntos com aquela mãe, e logo estava eu e dezenas de pessoas chamando o Caíque, ali e acolá, gritando: - Caíque! Caíque! Onde está você? – enquanto eu gritava, agora com quase centenas de pessoas o nome do Caíque, veio um senhor com quase três metros de altura, um excelente desportista, com aqueles seus passos largos, devolver o Caíque à sua mãe, dizendo que ele estava perdido, chorando e, gritando o nome da sua mãe. – para a alegria de todos nós, da mãe inclusive, o Caíque foi encontrado pelo nobre senhor que se dignou a procurar a mãe do menino e não sossegou enquanto não cumpriu com o seu altruísmo verdadeiro, nutrido pela perseverança. – ali mesmo houve uma salva de palmas com direito a assovio e tapinhas nas costas largas daquele bom senhor de seus mais ou menos 65 anos de idade. – naquele momento me senti dentro do sentido da vida. – bem, resolvi prosseguir na minha caminhada dentro do Parque, andei, andei e andei, pensei, será que não haverá mais nada de interessante nesse maravilhoso Parque? – assim, foi só eu dizer as últimas palavras e logo ouvi outra moça com um lindo violão nas mãos, dizendo: - Já que vocês pediram, eu canto! – Ela começou a cantar uma linda canção, seus dedos passeavam sobre as cordas do violão de maneira suave. – sua voz parecia acariciar o som das cordas, ninguém ousava dizer uma só palavra. – eu não resisti, sentei-me ali mesmo, na verdade nem me preocupei onde devia me assentar, ouvidos, olhos, sentimentos, pensamentos, todos voltados para ela que cantava com a maior delicadeza, o violão se fundira nela e ela ao violão, havia uma consonância em tudo, lembro-me que foi uma das poucas vezes que pude contemplar a existência da vida numa vida tão singular, que, de um jeito delicado, meigo, carinhoso, desarmado, dava tanta vida às vidas que presenciavam aquele instante ímpar. – fiquei ali e não tive pressa para ir embora, não falei uma só palavra, apenas a observei. – depois, sim, tive que ir-me, e fui.

P. S. - A pedido, voltei com as fotos.

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