Por Gil Nunes
Certa vez ouvi de alguém a
seguinte frase: “Você precisa criar o seu destino”. – neste momento confesso
que fiquei sem fala, fiquei sem ter o que dizer. Entretanto, um milhão de
coisas passaram por dentro da minha mente. Naquele momento não falei uma só
palavra, apenas ouvi e fiquei quieto.
Meu coração disparou, não consegui
controlar uma só batida sequer. Minha respiração se desvaneceu de um modo
inigualável. Pensei que iria morrer. Não consegui controlar nada. Meus olhos
naquele exato momento ficaram atônitos, totalmente paralisados, minha pele,
bem, minha pele eu conseguia sentir, pelo menos isso. Também pude perceber que
eu não sentia raiva, medo, amargura, sofrimento, tristeza, dor, alegria, fé,
oposição e nem mesmo amor, na verdade eu estava atônito, não tinha em mente e
nem no coração o que dizer a respeito de tal afirmativa.
Por outro lado, depois de algum
tempo, aos poucos fui voltando à normalidade, ou seja, voltando praticamente à
realidade da existência humana. E foi aí que fiz a mim mesmo esta pergunta;
como posso criar o meu destino se isso categoricamente está comprovado de que
sem dúvida é demasiadamente impossível?
Eu sabia que a minha vida não era
e não é igual à vida das outras pessoas.
Nesse momento veio-me as lembranças da vida de outras pessoas que têm dinheiro, mas não têm tudo que precisam, e de igual modo as que não têm dinheiro e que da mesma forma não têm tudo que precisam.
Lembrei-me das pessoas que têm
muita cultura e formação acadêmica, mas ainda assim sentem-se como que se
faltasse um pedacinho de algo que elas ainda não sabem o que é.
Olhei com minha mente para as
pessoas no mundo todo que têm apenas o mínimo de conhecimento cultural e
capacidade de leitura e escrita básicas necessárias à sobrevivência e do mesmo jeito
sentem-se infelizes.
E o que dizer sobre as pessoas
que buscam desenfreadamente a religiosidade? Tanto quanto infelizes.
E relativamente às pessoas que
dizem não acreditarem em Deus? Infelizes.
Assim, óbvio não conseguimos
criar nosso próprio destino.
Sabe por quê? Porque nosso
destino não é um enlatado que podemos comprar no supermercado.
Nosso destino é complexo. Nosso
destino é cheio de algo que não entendemos. Nosso destino não é manipulável por
força do dinheiro ou da influência. Nosso destino depende de um bilhão de
coisas que não dependem de nós mesmos. Nosso destino nem sempre é nosso
camaradinha suscetível à nossa influência ordinária ou extraordinária. Nosso
destino tem norte próprio, por vezes, incompreensível.
Modestamente digo, tentei de
todas as formas e possibilidades possíveis e imagináveis praticar todas essas
palavras de efeitos em minha vida, mas será que elas fizeram efeito em mim?
Não. Não fizeram.
Então, como poderemos escrever a
nossa verdadeira história de vida?